Article

lock Open Access lock Peer-Reviewed

0

Views

ARTIGO ORIGINAL

Revascularização do miocárdio sem circulação extracorpória: análise dos resultados em 15 anos de experiência

Ênio BuffoloI; José Carlos S AndradeI; João Nelson R BrancoI; Carlos TelesI; Walter José GomesI; Luciano F AguiarI; José Honório PalmaI

DOI: 10.1590/S0102-76381996000400002

Texto completo disponível apenas em PDF.


Discussão

PROF. SÉRGIO ALMEIDA DE OLIVEIRA
São Paulo, SP

Ainda no Hospital das Clínicas-FMUSP no início dos anos 70, operamos alguns poucos pacientes nos quais as anastomoses para a artéria coronária direita e/ou descendente anterior eram realizadas com o paciente canulado, mas sem se estabelecer a CEC. Após a introdução e sistematização desta técnica pelo Dr. Ênio, no início dos anos 80, fizemos, em nosso Serviço, mais de uma centena de casos, com indicações muito restritas, já que a maioria dos pacientes operados necessitava de muitas pontes ou eram casos complexos. Utilizar esta técnica sob o argumento de que as operações sem circulação extracorpórea ajudam a diminuir as taxas de mortalidade nunca nos atraiu, porque os resultados de cirurgia de revascularização miocárdica, com circulação extracorpórea, sempre foram bons. Em nossa série de 10642 pacientes revascularizados entre 1979 e 1995, a mortalidade (hospitalar e/ou 30 dias) foi de 2,4% nas operações de revascularização miocárdica sem procedimentos associados, estando incluídos 980 pacientes que estavam sendo reoperados. Por-esta razão, fizemos poucas operações sem CEC, porque estávamos mais preocupados em conseguir: 1) revascularização a mais completa possível; 2) melhorar a qualidade técnica das anastomoses; 3) aceitar para cirurgia casos progressivamente mais complexos. A CEC oferece condições técnicas para a obtenção destes requisitos. Entretanto, como mostramos há pouco, em comentários sobre trabalho anterior, realizamos recentemente uma série de 15 pacientes com anastomoses da mamária para a artéria descendente anterior ou coronária direita, com minitoracotomia e sem CEC. A questão que fica para ser respondida é se o resultado tardio será melhor? Infelizmente, não recebemos, para formular este meu comentário, o trabalho na íntegra, mas apenas o resumo que está no programa deste Congresso. Não há informações sobre a evolução tardia deste grupo, nestes 15 anos em que a cirurgia sem circulação extracorpórea foi realizada. O Dr. Ênio trás, como sempre, mais uma importante contribuição para a cirurgia cardíaca brasileira. Parabéns ao grupo da Escola Paulista de Medicina.

PROF. BUFFOLO
(Encerrando)

Agradecemos as contribuições dos comentadores que enriqueceram, com a sua experiência, esta apresentação. Nos dias de hoje, a revascularização do miocárdio sem a circulação extracorpórea ganhou extraordinária atenção, devido ao caminho natural para procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos. Os congressos e simpósios realizados sobre este tema ultimamente têm sido focalizados até a exaustão. Não há dúvidas, em nosso conceito, de que a circulação extracorpórea é procedimento dos mais invasivos no campo da cirurgia. O que provamos, ao longo destes 15 anos de experiência, é que podemos realizar, em cerca de 25% de nossos pacientes, revascularização completa com o risco de uma toracotomia. Em análise multifatorial prospectiva de risco na revascularização cirúrgica do miocárdio, durante o ano de 1995, em 706 pacientes consecutivos e não selecionados, a utilização ou não da circulação extracorpórea foi o fator isolado mais importante na descriminação dos resultados. Consideramos a revascularização do miocárdio sem circulação extracorpórea tratamento cirúrgico "5 estrelas" da insuficiência coronária, sendo seus benefícios maiores para os pacientes em más condições clínicas no pré-operatório, nos idosos e nos pacientes com má função ventricular. Obrigado.

REFERÊNCIAS

1. Kolessov V L - Mammary artery-coronary artery anastomosis as method of treatment for angina pectoris. J Thorac Cardiovasc Surg 1967; 54: 535-44. [MedLine]

2. Favaloro R G - Saphenous vein autograft replacement of severe segmental coronary artery occlusion. Ann Thorac Surg 1968; 5: 334-9. [MedLine]

3. Garrett H E, Dennid E W, DeBakey M E - Aorto coronary bypass with saphenous vein graft: seven years follow up. JAMA 1973; 223: 792-4. [MedLine]

4. Trapp W G & Bisarya R - Replacement of coronary artery bypass graft without pump-oxygenator. Ann Thorac Surg 1975; 19: 1-9. [MedLine]

5. Ankeney J L - To use or not use the pump oxygenator in coronary bypass operations. Ann Thorac Surg 1975; 19: 108-9. [MedLine]

6. Buffolo E, Andrade J C S, Succi J E et al. - Direct myocardial revascularization without cardiopulmonary bypass. Thorac Cardiovasc Surg 1985; 33: 6-9.

7. Buffolo E, Andrade J C S, Branco J N R et al. - Mycardial revascularization without extra-corporeal circulation. Eur J Cardiothorac Surg 1990; 4: 504-8.

8. Benetti F J - Direct coronary with saphenous vein bypass without either cardiopulmonary bypass or cardiac arrest. J Cardiovasc Surg 1985; 26: 217-22.

9. Benetti F J - Coronary artery bypass without extracorporeal circulation versus percutaneous transluminal coronary angioplasty: comparison of cost. (Letter). J Thorac Cardiovasc Surg 1991; 102: 802-3. [MedLine]

10. Archer R, Ott D A, Parravicini R et al. - Coronary artery revascularization without cardiopulmonary bypass. Texas Heart Inst J 1984; 11: 52-7.

11. Fanning W J, Kakos G S, Williams Jr. T E - Reoperative coronary artery bypass grafting without cardiopulmonary bypass. Ann Thorac Surg 1993; 55: 486-9. [MedLine]

12. Laborde F, Abdelmequid I, Piwnica A - Aortocoronary bypass without extracorporeal circulation: why and when? Eur J Cardiothorac Surg 1989; 3: 152-5.

13. Buffolo E, Andrade J C S, Branco J N, Teles C A, Aguiar L F, Gomes W J - Coronary artery grafting without cardiopulmonary bypass. Ann Thorac Surg 1996; 61: 63-6. [MedLine]

14. Hartz A J, Kuhn E M, Pryor D B et al. - Mortality after coronary angioplasty and coronary artery bypass surgery: The National Medicare Experience. Am J Cardiol 1992; 70: 179-85. [MedLine]

15. Brasil L A - Liberação e efeitos do fator de necrose tumoral alfa (TNF alfa) induzidos pela circulação extracorpórea. [Tese. Mestrado] São Paulo, SP: Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, 1996.

16. Mattar J A - Bioimpedância, reactância e resistência: parâmetros úteis em suporte nutricional e medicina intensiva. J Metab Nutr 1995; 2: 1-11.

CCBY All scientific articles published at bjcvs.org are licensed under a Creative Commons license

Indexes

All rights reserved 2017 / © 2024 Brazilian Society of Cardiovascular Surgery DEVELOPMENT BY