DADOS CLÍNICOS
Paciente de três anos, sexo feminino, branca, procedente de Brasília, DF. Assintomática desde o nascimento, foi observado sopro cardíaco em exame de rotina. BEG, corada, hidratada, eupneica. Ritmo cardíaco regular, bulhas normofonéticas com sopro contínuo ++/6+ em borda esternal esquerda média. Ausculta pulmonar normal. Abdome sem alterações. Pulsos periféricos presentes e palpáveis com facilidade.
ELETROCARDIOGRAMA
Dentro dos padrões de normalidade, ritmo sinusal, freqüência cardíaca de 125 bat/mim, eixo elétrico do complexo QRS + 60º. Ausência de sobrecarga de câmaras cardíacas ou distúrbios de condução.
RADIOGRAMA
Índice cardiotorácico de 0,53. Discreto aumento da aorta torácica. Parênquima pulmonar sem alterações.
ECOCARDIOGRAMA
Situs solitus em levocardia. Conexões veno-atrial, atrioventricular e ventrículo-arterial concordantes. Artéria coronária esquerda dilatada, apresentando fístula de alto débito para o átrio esquerdo.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Os poucos dados clínicos permitem pensar em ducto arterioso patente, aneurisma do seio de Valsalva e fístulas artério-venosas.
DIAGNÓSTICO
O estudo cineangiocoronariográfico confirmou o achado ecocardiográfico, demonstrando dilatação aneurismática do tronco da artéria coronária esquerda, com fístula de alto débito do ramo circunflexo da artéria coronária esquerda para o átrio esquerdo, junto ao apêndice atrial esquerdo.
OPERAÇÃO
Toracotomia mediana transesternal. Instituição do auxílio de circulação extracorpórea e cardioplegia sangüínea anterógrada a 4ºC. Abertura do átrio direito, septo interatrial e exposição do átrio esquerdo. O apêndice atrial esquerdo foi invertido e tracionado para dentro do átrio esquerdo (Figura 1). Neste momento, administrou-se solução de cardioplegia, a qual permitiu identificar corretamente o local da fístula. Feita sutura contínua com polipropileno 6-0, seccionado o apêndice atrial esquerdo e suturado sobre a região da fístula. Desta forma, foi possível uma segunda linha de sutura, com intuito de evitar recidiva da fístula, e exclusão do apêndice atrial esquerdo. O tempo de circulação extracorpórea foi de 55 minutos e de isquemia miocárdica de 41 minutos. No pós-operatório, evolui com valores de CKMB dentro dos limites de normalidade e sem alterações eletrocardiográficas. Recebeu alta hospitalar no 5º dia de pós-operatório com ecocardiograma normal e em uso de ácido acetilsalicílico, o qual foi suspenso três meses após a operação.